Semana Lewis: A mais profunda frase de Lewis sobre o Purgatório

Nesta Semana Lewis 2015, quando se completa 52 anos do desencarne de nosso mestre, este Site tem a honra de apresentar, como memorial eterno, a mais profunda e completa explicação de Lewis sobre a existência do Purgatório. Trata-se de matéria complexa, mas ao mesmo tempo tão auto-explicativa e tão límpida em sua exatidão que custamos a crer que algum leitor de Lewis, seja ele evangélico ou católico, possa passar os olhos por este trecho do livro “Cartas a Malcolm” e não deduzir justamente o que esta Escola deduz. Lewis utiliza um recurso tão familiar às suas obras, a saber, falar como se estivesse presente aos fatos, ou como se o fenômeno ocorresse em seu próprio coração. Eis aí uma das mais belas pérolas de toda a rica coleção de livros de autoria de CS Lewis. Vejamos...

{Abre aspas}...

<< A visão correta se volta esplendorosamente para The Dream of Gerontius (‘O sonho de Gerontio’), de Newman. Ali, se me lembro bem, a alma salva, ao pé do trono, suplica para ser levada embora e purificada. Não consegue suportar mais nem um instante “as trevas que afrontam aquela luz”. A religião [verdadeira] tem reclamado o Purgatório.

Nossa alma exige o Purgatório, não? Seria de cortar o coração se Deus nos dissesse: “É verdade, meu filho, que você está com o hálito forte e que de seus trapos pingam lama e lodo, mas somos caridosos aqui, e ninguém o repreenderá por essas coisas, nem se apartará de você. Entre no gozo do teu Senhor”, não acha? Nós então deveríamos retrucar: - “Com submissão, Senhor, e se não houver nenhuma objeção, eu preferiria ser purificado primeiro”. - “Pode machucar, você sabe…”; - “Mesmo assim, Senhor”.

Suponho que seja normal o processo de purificação envolver sofrimento. Em parte por tradição; em parte porque a maioria do bem real que me tem sido feito nesta vida o tem envolvido. Mas não entendo que o sofrimento seja o propósito da purgação. Posso bem crer que pessoas nem muito piores nem muito melhores do que eu sofrerão menos ou mais do que eu. “Sem disparates envolvendo mérito”. O tratamento dado será O NECESSÁRIO, quer ele machuque muito, quer pouco. >> {Fecha aspas}.

CS Lewis, trecho do livro “ORAÇÃO – CARTAS A MALCOLM”, Editora VIDA, 2009, encontrável na Carta XX, às páginas 138-139, nos parágrafos 9, 10 e 11. O único comentário necessário que resta fazer é perguntar se Lewis foi claro ou não neste trecho(?)... Se a realidade tangível do Purgatório não se descortina diante de qualquer pessoa que, sem viseiras denominacionais, olha para a própria alma e pergunta: “Se eu chegasse diante do Senhor ainda sujo e mal cheiroso, e visse a assepsia e a brancura perfeitas do ambiente 100% puro do Paraíso, não iria querer lavar-me também para não dar vexame a mim mesmo e constrangimento ao meu bom Deus? E se precisarei de uma limpeza extra (pelos pecados que morri sem me arrepender) e ao mesmo tempo estiver salvo do inferno, onde ficará a minha alma no período de minha última lavagem?”... – Eis porque esta Escola considerou este trecho de “ORAÇÃO – CARTAS A MALCOLM” como o mais perfeito testemunho de Lewis acerca do Purgatório. Quem tem ouvidos para ouvir...