SALA DE LEITURA DA EAT

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Vê-se CS Lewis no Quadro Central, ladeado por seus livros, o Busto de MacDonald à direita e a "Vela do Saber" acesa.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Filme “Doador de Memórias” toca em Teologia profunda

Assistindo ao filme “O Doador de Memórias” (2014) por indicação de uma irmã, tive a grata surpresa de ver que, apesar da longa estiagem de boas produções da atualidade, ainda é possível ver um bom filme. E qual não foi meu literal encanto, quando percebi que o longa, não tão longo (1h e 37min), embora inserido no velho clichê de uma sociedade isolada por leis severas após um holocausto qualquer, vem tocar diretamente naquela parte mais profunda da Teologia, a saber, aquela que discute se o mundo deveria ter sido criado com o “Livre-arbítrio das emoções espontâneas”, ou se deveria ter sido inventado com aquele modo tão incoerente denunciado por CS Lewis, ou seja, um mundo livre onde a própria liberdade tivesse a censura prévia contra a maldade. O argumento, bem debatido entre as principais personagens, leva o telespectador primeiro a uma visão do “mundo perfeito”, sem guerras, violências, inseguranças ou ódios, com sua razão válida pelo fato de o planeta ter passado por uma crise tão medonha de sofrimento – advindo da violência generalizada das massas nas ruas e dos conflitos entre nações – que se sentiu motivado a aceitar tal mundo frio e insípido, curtindo uma era de paz pétrea e sem sustos. Naquele mundo, entretanto, havia sempre um homem (o sr. The Giver, “o Doador de Memórias”, interpretado pelo grande Jeff Bridges), responsável por guardar o arquivo vivo do mundo anterior, e por passar tais memórias ao seu sucessor, então o jovem Jonas, interpretado por Brenton Thwaites. Após a sua primeira sessão, a memória do velho mundo já o começa a tocar fundo, até ao ponto de ele sentir alguma atração pela bela Fiona, interpretada pela linda atriz Odeya Rush; e em razão da ocorrência deste 'tão proibido e estranho fenômeno' da paixão, segue sua vontade de viver um mundo diferente do seu, no qual até as cores eram proibidas e tudo era “pintado” de preto e branco (aqui houve uma grande sacada do diretor Phillip Noyce: foram os belíssimos olhos azuis da moça que primeiro levaram Jonas a imaginar um mundo colorido, e com isto avivar uma memória que nunca viveu, até ao ponto de fugir de todo o sistema para alcançar, após a última fronteira imposta, as cenas de Natal que viu em suas sessões de recebimento de memórias com o Doador Giver). Perseguido pela “polícia-pacificadora” – ironia das ironias! – do sistema governado pela 'anciã' Chief Elder, interpretada pela premiada atriz Meryl Streep , o jovem Jonas chega ao Natal gelado junto com sua amada, dando início ou reinício ao mundo que Deus julgou melhor ou único que valia a pena criar. Deste modo, o filme age como advogado da tese divina, mostrando à Humanidade que, apesar de toda a violência que reina em nosso mundo, o planeta seria um inferno pior sem as emoções, que deixariam um vazio impreenchível na alma humana, em cujo âmago Deus colocou a saudade da Eternidade (Eclesiastes 3,11). Grande dica: não percam este filme.

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