SALA DE LEITURA DA EAT

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Vê-se CS Lewis no Quadro Central, ladeado por seus livros, o Busto de MacDonald à direita e a "Vela do Saber" acesa.

domingo, 20 de julho de 2014

“Não podemos competir com quem inventa uma religião simples”...



A expressão de CS Lewis capaz de explicar a extrema popularidade das atuais denominações cristãs é um convite à reflexão filosófica e uma bofetada no pensamento simplório da maioria dos crentes.
Alguém já parou para se perguntar por que as igrejas pós-modernas têm uma tão alastrada popularidade? Alguém já procurou fazer o teste da pregação difícil e descobriu o quão distante o Zé-povão quer ficar desta mensagem? Não é à-toa que Lewis disse aquela sua frase-bomba nos seguintes termos: “Não podemos competir com quem inventa uma religião simples”! Se o objetivo era apenas oferecer uma farofa dura e com caroços grandes, sem gosto de nada e sem sal, e se o Zé-povão não tem bom gosto ou gosta de porcarias, então, por óbvio, uma igreja que propicie isto sempre estará superlotada, e assim a verdade jamais chegará ao povo. Ou então, a verdade será sempre filtrada ao máximo, oferecendo-se apenas a parte “agradável” ou ilusória dela, como satanás fez com Eva. Deste jeito, não há como a verdadeira “eclesia” de Deus triunfar na Terra, já que Cristo a fundou justamente para colocar o povão diante da verdade completa, a saber, o “imbróglio labiríntico de sua perdição”, sempre ocultado nas pregações populistas. O caminho do sucesso na criação de uma nova igreja seria traçado assim: “procure tirar do Evangelho aqueles trechos que dizem coisas como 'bem-aventurados os que não viram e creram'; ou aquele que diz 'porque a salvação é um dom gratuito de Deus'; ou aquele que diz 'crê no Senhor Jesus e serás salvo'; e por último, ofereça-se a encorajadora declaração de Jesus na cruz: 'hoje mesmo estarás comigo no Paraíso' e pronto: seu sucesso está garantido”. Ora: quem não quer uma religião que diz que a mensagem de Deus é simples e que o plano de salvação é de graça, sem exigir absolutamente NADA de seus 'usuários'? Qual analfabeto ou ocioso quer ouvir outra coisa além disso? Quem não se deleita numa proposta de descanso? Eis porque Lewis disse que ninguém pode “competir com quem inventa uma religião simples”! A maior vítima desta enrolação humana é a Verdade, para não dizer o próprio Cristo, e será preciso apenas olhar a vida dEle e ver que Suas explicações para a salvação não eram tão simples como essas pregações pós-modernas. Basta ler o que Ele explicou sobre o Juízo Final em Mt 25,31-46 e o que Ele respondeu ao jovem rico quando este LHE perguntou sobre o que precisava fazer para herdar a vida eterna (Mt 19,16-21). E talvez nem seja preciso ler, na carta de Tiago, o versículo que diz que a fé precisa das obras para salvar (Tg 2,24).

Isto posto, bastaria este verso para embaralhar o meio de campo e complicar tudo, pois se os protestantes erram por dar teor salvífico apenas à fé, também muitos católicos ficam inchados de orgulho por apresentar boas obras a Deus como mérito pessoal, quando todos os méritos de nossas obras pertencem a Deus, e não a nós (Ef 2,10). Logo, é a figura da tesoura de CS Lewis que explica tudo: uma das lâminas é a fé, e a outra é a obra: se uma das lâminas é retirada, a tesoura não serve mais para nada. Tornou-se 100% inútil, ou “morta”.

“A imensa maioria das idéias que são disseminadas como novidades hoje em dia são as que os verdadeiros teólogos testaram vários séculos atrás e rejeitaram. Acreditar na religião popular moderna é a mesma coisa que acreditar que a Terra é plana — um retrocesso” (Citação de Lewis, no Livro “Mere Christianity”, Livro IV – Além da Personalidade ou Os Primeiros Passos na Doutrina da Trindade – Cap. Fazer e Gerar, parág. 5).


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